Aldeia de Sistelo, é uma das 7 maravilhas de Portugal?

A pergunta é provocatória e vem no seguimento da notícia de que Sistelo é uma aldeia finalista do concurso 7 maravilhas de Portugal – Aldeias (na categoria aldeias rurais) e que será transmitido num programa televisivo que será emitido pela RTP a partir de 9 de Julho. Para todos os habitantes de Arcos de Valdevez e mais concretamente para todos os de Sistelo, esta é sem dúvida uma pergunta com uma resposta óbvia…

Situada a norte do concelho de Arcos de Valdevez, esta aldeia é uma das mais antigas do Alto Minho e é uma pérola da natureza enclausurada num vale às portas do Parque Peneda Gerês, muito próxima da nascente do rio Vez.

Sistelo é um exemplo da capacidade de adaptação do Homem às singularidades e adversidades da natureza, transformando-a em prol das suas necessidades e simultaneamente criando um quadro de rara beleza que são os socalcos.

Os socalcos de produção agrícola são o resultado da ocupação humana que acabaram por moldar a paisagem atribuindo-lhe a característica peculiar que distingue Sistelo, apelidando-o de “pequeno Tibete português”. Fruto da necessidade de sobrevivência de outrora, são agora pinceladas marcantes de um quadro vivo que testemunham a dureza do trabalho da agricultura de subsistência.

Com eles estão também associados o conceito de comunidade, de entreajuda, da necessidade de um povo em se unir para sobreviver. Os fornos comunitários, os moinhos, os espigueiros e uma fonte de vida que os une: O rio Vez. Com ele surgem as levadas (os canais de regadio) que atravessam os socalcos e são fonte vital para a cultura do milho e feijão tarrestre.

Mas Sistelo é também rica em história e em narrativas que circulam em torno de Manuel António Gonçalves Roque, que cedo partiu para o Brasil e aí se tornou num comerciante de sucesso amealhando uma fortuna considerável, tornando-se posteriormente no primeiro e único Visconde de Sistelo.

Daqui surge a origem da Casa do Castelo de Sistelo, um palácio revivalista de planta retangular, com duas torres com ameias, mandado construir pelo Visconde na segunda metade do século XIX e é testemunho vivo de um exemplo de meritocracia que ainda ecoa na mente de quem ainda acredita que o sucesso é fruto de um trabalho árduo e honesto.

Sistelo é também as suas gentes, guerreiros sem armas que moldaram a natureza e que agora os seus descendentes querem honrar. Fazem da sua luta a voz que perpetua a memória de um local que se dá a conhecer pelo cada vez maior reconhecimento nacional e pela recente candidatura a “Património Cultural Evolutivo Vivo”.

Deixo-vos aqui algumas fotos para vocês possam também confirmar todo o esplendor desta “maravilha de Portugal”.