Fotografia a preto e branco, memórias e nostalgia
Quando falamos de fotografia a preto e branco pensamos imediatamente em imagens icónicas que nos remetem para memórias do passado e a um certo sentimento de nostalgia. Isto porque historicamente a fotografia começou por ser a captação de imagens de uma forma rudimentar e monocromática, colocando o ênfase nas formas, tons e relações espaciais.

Posteriormente com a evolução histórica da fotografia começaram a surgir as imagens a cores e com elas passamos a captar o mundo que nos rodeia da mesma forma que o percepcionamos, repleto de luz e cor.

No fundo a fotografia é uma abstracção da realidade, seja ela monocromática ou policromática, em que o objetivo essencial é remeter-nos para um momento que já passou e queremos reter para sempre ou então evocar uma realidade que nunca experienciamos, porque não somos os protagonistas da mesma, mas que rapidamente idealizamos partindo das nossas experiências adquiridas.

Sem querer estabelecer um antagonismo entre a fotografia a preto e branco e a fotografia a cores, porque todos sabemos que se trata de uma opção estética com todo o subjectivismo que a compreende, pretendo apenas destacar neste artigo as características fundamentais que permitiram à fotografia a preto e branco manter-se como uma opção cada vez mais apreciada nos dias de hoje, apesar de toda a oferta e multiplicidade quotidiana de visualizarmos o mundo a cores.

Não vamos abordar as questões técnicas, que são mais apelativas para quem está a entrar e a aprender mais sobre o universo da fotografia, quer seja como passatempo ou porque pretende-se tornar num profissional, mas vamos abordar as questões centrais que fazem da fotografia a preto e branco como uma tendência tão actual e cada vez mais solicitada nos dias de hoje.

Como referi anteriormente, ela evoca com mais veemência as memórias e a nostalgia de um passado que queremos manter vivo e presente. Não vamos confundir nostalgia com saudade. A saudade é direccionada a um alvo ou momento específico, podendo até ser superada pela presença ou a repetição desse mesmo momento. A nostalgia remete-nos para uma visão idealizada do passado que cada um de nós possui, não podendo ser superada no campo físico.

É este passado que não se volta a repetir mas que permanece quase que esculpido pelos fortes contrastes entre as formas e os tons facilmente focados pela dualidade monocromática da fotografia a preto e branco. A distracção e ruído da cor não existe e é aqui que somos remetidos para a nossa imaginação. Cada um de nós cria e preenche os espaços da cor com a nossa imaginação, com as nossas experiências e com a nossa realidade.

Quase que poderia fazer o mesmo paralelismo que se faz entre ler um livro e ver o filme que foi inspirado nesse mesmo livro. A nossa capacidade de imaginação e recriação da realidade é ilimitada e talvez seja esse um dos muitos encantos da fotografia a preto e branco: o de abrir as portas da nossa percepção sem as “limitações” da cor.
A fotografia a preto e branco permite-nos muitas vezes criar uma imagem poderosa de um tema ou um motivo que poderia ter muito menos impacto quando fotografado a cores.

Para além da fotografia de casamento e do retrato, a fotografia de arquitetura é um bom exemplo da ênfase colocada no contraste das formas e tons e do destaque das relações de espaço.
Como podem ver, existem inúmeras razões para continuarmos a fotografar a preto e branco, mas nem todas são tão fortes como ser e estar presente no momento em decidimos que uma fotografia tem necessariamente que ser uma fotografia a preto e branco.
Porque os melhores momentos são para mais tarde recordarmos, solicita aqui um orçamento.